Caso 44: “Rufem os tambores” de Kasan
Kasan, dando instrução, disse, “Prática e aprendizado – isso é chamado ‘audição’ (mon); completando o aprendizado – isso é chamado ‘estar próximo [ao fato]’ (rin). Quando você tiver passado por esses dois, isso é chamado ‘verdadeira passagem’ (shinka).”
Um monge deu um passo adiante e perguntou, “O que é a ‘verdadeira passagem’?”
Kasan disse, “Rufem os tambores.”
Ele perguntou de novo, “O que é a verdadeira Realidade?”
Kasan disse, “Rufem os tambores.”
Ele perguntou de novo, “Não pergunto sobre a frase ‘a própria Mente é Buda.’[1] [Mas] O que significa ‘Nem a Mente nem Buda[2]?”
Kasan disse, “Rufem os tambores.”
Ele perguntou mais uma vez, “Quando alguém que conhece a Verdade última vem, como deveríamos recebê-lo?”
Kasan disse, “Rufem os tambores!”
[1] Cf. Caso 30 (A própria mente de Baso) no Mumonkan (O Portal Sem Porta, também traduzido e publicado no blog Vencer o Medo e em livro na Amazon).
[2] Cf. Caso 33 (Nem a Mente nem Buda) no Mumonkan.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Arquivo da Falésia Azul - Caso 43
Caso 43: “O Frio e Calor” de Tôzan
Um monge perguntou a Tôzan, “Quando o frio e o calor vem, como alguém poderia evitá-los?”
Tôzan disse, “Por que não ir para um lugar onde não haja nem frio nem calor?”
O monge disse, “Que tipo de lugar é esse onde não há nem frio nem calor?”
Tôzan disse, “Quando está frio, o frio lhe mata; quando está quente, o calor lhe mata.”
Um monge perguntou a Tôzan, “Quando o frio e o calor vem, como alguém poderia evitá-los?”
Tôzan disse, “Por que não ir para um lugar onde não haja nem frio nem calor?”
O monge disse, “Que tipo de lugar é esse onde não há nem frio nem calor?”
Tôzan disse, “Quando está frio, o frio lhe mata; quando está quente, o calor lhe mata.”
Arquivo da Falésia Azul - Caso 42
Caso 42: “A Bela Neve” de Hô Koji
Hô Koji[1] estava deixando Yakusan. Este último ordenou que dez de seus estudantes de Zen acompanhassem Koji até o portão do templo. Koji apontou para a neve caindo no ar e disse, “Belos flocos de neve!—eles não caem em nenhum outro lugar.” Naquele momento havia um aluno chamado Zen, que disse, “Onde então eles caem?” Koji deu-lhe um tapa. Zen disse, “Koji, não seja tão duro.” Koji disse, “Se você se nomeia estudante Zen em tal condição, o Velho En[2] nunca lhe liberará!”
Zen disse, “O que então você diria, Koji?” Koji estapeou-lhe de novo e disse, “Você vê com seus olhos, mas você é como um homem cego. Você fala com sua boca, mas você é como um homem mudo[3] apenas.”
(Setchô acrescentou seu comentário, “Ás primeiras palavras, eu imediatamente teria feito uma bola de neve e arremessado contra ele.”
[1] Koji é um título honorífico para um praticante leigo do Budismo.
[2] Geralmente chamado “Emma-Daiô” (o Rei do inferno Emma). Diz-se que ele é o juiz temerário na entrada do reino dos mortos.
[3] Em inglês, ‘dumb’, que também significa estúpido, burro, tolo.
Hô Koji[1] estava deixando Yakusan. Este último ordenou que dez de seus estudantes de Zen acompanhassem Koji até o portão do templo. Koji apontou para a neve caindo no ar e disse, “Belos flocos de neve!—eles não caem em nenhum outro lugar.” Naquele momento havia um aluno chamado Zen, que disse, “Onde então eles caem?” Koji deu-lhe um tapa. Zen disse, “Koji, não seja tão duro.” Koji disse, “Se você se nomeia estudante Zen em tal condição, o Velho En[2] nunca lhe liberará!”
Zen disse, “O que então você diria, Koji?” Koji estapeou-lhe de novo e disse, “Você vê com seus olhos, mas você é como um homem cego. Você fala com sua boca, mas você é como um homem mudo[3] apenas.”
(Setchô acrescentou seu comentário, “Ás primeiras palavras, eu imediatamente teria feito uma bola de neve e arremessado contra ele.”
[1] Koji é um título honorífico para um praticante leigo do Budismo.
[2] Geralmente chamado “Emma-Daiô” (o Rei do inferno Emma). Diz-se que ele é o juiz temerário na entrada do reino dos mortos.
[3] Em inglês, ‘dumb’, que também significa estúpido, burro, tolo.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Arquivo da Falésia Azul - Casos 39, 40 e 41
Caso 39: “A Cerca do Jardim” de Unmon
Um monge perguntou a Unmon, “O que é o Puro corpo-do-Dharma?”[1]
Unmon disse, “cerca de Flor”[2]
O monge disse, “E se eu entender o assunto dessa maneira?”
Unmon disse, “Um leão de pelo dourado.”
[1] O corpo da Verdade última (Japonês: hôshin; sânscrito: dharmakaya) ou um dos três corpos de Buda.
[2] Em Japanês: Kayakuran. De fato, era uma cerca de flores ao redor de um toalete.
***
Caso 40: Nansen e a Flor
O Ministro Rikukô conversou com Nansen.
Rikukô disse, "O professor de Dharma Jô disse,
'O Céu e a terra e eu temos uma única e mesma raiz; todas as coisas e eu são um único corpo.’ Que maravilha isso!”
Nansen apontou as flores no jardim, chamou a Rikukô e disse,
“As pessoas de nosso tempo[1] veem essas flores como num sonho.”
[1] Isto é, "você".
***
Caso 41: “A Grande Morte” de Jôshu
Jôshu perguntou a Tôsu,
“E se um homem que morreu uma grande Morte volta à vida?”
Tôsu disse,
“Eu não permito caminhar por aí à noite. Venha durante o dia.”
Um monge perguntou a Unmon, “O que é o Puro corpo-do-Dharma?”[1]
Unmon disse, “cerca de Flor”[2]
O monge disse, “E se eu entender o assunto dessa maneira?”
Unmon disse, “Um leão de pelo dourado.”
[1] O corpo da Verdade última (Japonês: hôshin; sânscrito: dharmakaya) ou um dos três corpos de Buda.
[2] Em Japanês: Kayakuran. De fato, era uma cerca de flores ao redor de um toalete.
***
Caso 40: Nansen e a Flor
O Ministro Rikukô conversou com Nansen.
Rikukô disse, "O professor de Dharma Jô disse,
'O Céu e a terra e eu temos uma única e mesma raiz; todas as coisas e eu são um único corpo.’ Que maravilha isso!”
Nansen apontou as flores no jardim, chamou a Rikukô e disse,
“As pessoas de nosso tempo[1] veem essas flores como num sonho.”
[1] Isto é, "você".
***
Caso 41: “A Grande Morte” de Jôshu
Jôshu perguntou a Tôsu,
“E se um homem que morreu uma grande Morte volta à vida?”
Tôsu disse,
“Eu não permito caminhar por aí à noite. Venha durante o dia.”
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Super compêndio de música para relaxamento
São mais de 5 horas de música tocada em piano, dos seguintes compositores: Chopin, Schubert, Brahms, Beethoven, Grieg e outros:
domingo, 6 de maio de 2012
quinta-feira, 29 de março de 2012
O Perdão é a Cura para o Medo
Como nos lembra o Dr. Austro Queiroz, O Perdão é a Cura para Todos os Males. Isso porque o medo é a causa de todos os males. Logo, quem puder curar-se do medo estará curado, automaticamente, de todos os males.
É um conceito muito conhecido de praticamente todo mundo é o de "Pecado original", que atesta que todo ser vivente vem à Terra maculado pelo "erro" que Adão e Eva teriam cometido no Paraíso, ao provarem do fruto da Árvore do Bem e do Mal.
Na verdade este "pecado original" não é como uma dívida que passa de geração a geração como uma herança maldita. Trata-se, isso sim, do sentimento de culpa que mantemos em nosso inconsciente no decorrer das incontáveis encarnações pelas quais venhamos a passar.
Tal culpa provém de que em um dado momento nós nos acreditamos separados de Deus. Isto é um delírio, pois é impossível separar-se de Deus, ou Deus não seria Deus.
Contudo, a alma se crê em separação, e isto gera a culpa. A culpa logo vira medo do julgamento divino (mas convém dizer que Deus não julga, pois julgamento não é uma característica de Sua Perfeição; quem julga é o ego). E para tentar aliviar a culpa e o medo inconscientes a alma passa a projetá-los na forma de ódio (e suas diversas manifestações, como agressão, julgamento, etc) sobre o outro e sobre Deus.
Até que nos conscientizemos de que realmente não existe o outro, uma vez que somos todos Um só, viveremos cada instante de nossa vida acreditando que cometemos erros contra nossos semelhantes, ou contra Deus (o que gera culpa) ou que cometeram erros contra nós (o que gera ódio).
A única maneira de sair desse ciclo vicioso milenar é perdoando.
Em última análise, perdoando a si mesmo, mas querer abreviar o processo que necessariamente implica perdoar o outro seria uma forma risível de tentar trapacear com a Salvação.
Assim como outras, perdoar é uma atitude que requer prática, que leva à perfeição.
Tanto uma criança não nasce sabendo falar e precisa aprender, e no começo ela mal consegue balbuciar sílabas soltas, quanto precisamos aprender a perdoar, e o começo pode ser bastante difícil.
Se desistirmos de achar que o mundo é real, quando na verdade ele não é mais do que um sonho, vamos constatar que todo e qualquer ser é um inocente que precisa perdoar e perdoar-se pelo que não fez (separar-se de Deus, embora o ego queira que você pense que está separado e que será punido por isso a não ser que arranje um bode expiatório que assuma a sua culpa inconsciente).
Mas como na verdade o Filho nunca se separou do Pai, este pecado que provoca tanta culpa não existiu. E tampouco o que percebemos como universo sequer um dia existiu.
E se o universo não existe, tudo é apenas um delírio,
A prática do perdão continuado e irrestrito, incondicional, é a consequente Expiação de toda culpa incondicional, que leva ao bem estar e à paz constantes.
Perdoar o outro é perdoar a si mesmo.
Não deixe de ler:
Culpa, Medo, Ódio
É um conceito muito conhecido de praticamente todo mundo é o de "Pecado original", que atesta que todo ser vivente vem à Terra maculado pelo "erro" que Adão e Eva teriam cometido no Paraíso, ao provarem do fruto da Árvore do Bem e do Mal.
Na verdade este "pecado original" não é como uma dívida que passa de geração a geração como uma herança maldita. Trata-se, isso sim, do sentimento de culpa que mantemos em nosso inconsciente no decorrer das incontáveis encarnações pelas quais venhamos a passar.
A briga com Deus
Tal culpa provém de que em um dado momento nós nos acreditamos separados de Deus. Isto é um delírio, pois é impossível separar-se de Deus, ou Deus não seria Deus.
Contudo, a alma se crê em separação, e isto gera a culpa. A culpa logo vira medo do julgamento divino (mas convém dizer que Deus não julga, pois julgamento não é uma característica de Sua Perfeição; quem julga é o ego). E para tentar aliviar a culpa e o medo inconscientes a alma passa a projetá-los na forma de ódio (e suas diversas manifestações, como agressão, julgamento, etc) sobre o outro e sobre Deus.
Só o perdão cura a culpa
Até que nos conscientizemos de que realmente não existe o outro, uma vez que somos todos Um só, viveremos cada instante de nossa vida acreditando que cometemos erros contra nossos semelhantes, ou contra Deus (o que gera culpa) ou que cometeram erros contra nós (o que gera ódio).
A única maneira de sair desse ciclo vicioso milenar é perdoando.
Em última análise, perdoando a si mesmo, mas querer abreviar o processo que necessariamente implica perdoar o outro seria uma forma risível de tentar trapacear com a Salvação.
O perdão é uma atitude mental
Assim como outras, perdoar é uma atitude que requer prática, que leva à perfeição.
Tanto uma criança não nasce sabendo falar e precisa aprender, e no começo ela mal consegue balbuciar sílabas soltas, quanto precisamos aprender a perdoar, e o começo pode ser bastante difícil.
No fundo todos são inocentes
Se desistirmos de achar que o mundo é real, quando na verdade ele não é mais do que um sonho, vamos constatar que todo e qualquer ser é um inocente que precisa perdoar e perdoar-se pelo que não fez (separar-se de Deus, embora o ego queira que você pense que está separado e que será punido por isso a não ser que arranje um bode expiatório que assuma a sua culpa inconsciente).
Mas como na verdade o Filho nunca se separou do Pai, este pecado que provoca tanta culpa não existiu. E tampouco o que percebemos como universo sequer um dia existiu.
E se o universo não existe, tudo é apenas um delírio,
A recompensa será divina
A prática do perdão continuado e irrestrito, incondicional, é a consequente Expiação de toda culpa incondicional, que leva ao bem estar e à paz constantes.
Perdoar o outro é perdoar a si mesmo.
Não deixe de ler:
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