sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Experiência do Medo No Caminho de Volta à Inocência

O medo é um sentimento comum a todo ser encarnado, humano ou não. Entrar num corpo físico para experimentar a densidade da matéria causa medo a toda alma, que precisa perder a consciência de sua leveza e energia para se sentir no peso e escuridão da matéria.

Mas isso não é em vão. É um processo que leva a uma ampliação do conhecimento de si mesmo nesse espaço de incompreensão de si mesmo, de rejeição, de não se sentir amado, de perda de inocência, de culpa e de uma busca desesperada pelo paraíso perdido.

E tudo isso passa pela experiência de sentir medo, medo de tudo, e medo de nunca mais conseguir resgatar a própria inocência.

Por isso precisamos meditar demoradamente sobre este caminho de mergulho na inconsciência da própria inocência até vislumbrar uma luz de volta a ela, que nos foi trazida por Aquele que é chamado de “O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.

Ele realmente fez isso, pois Ele encarnou sem culpa, sem perda de inocência, para nos trazer a mensagem de que o caminho de volta a ela é real.

É possível resgatar nossa inocência, que imaginamos perdida para sempre num mundo que nos puxa cada vez mais para fora de nós mesmos.

Precisamos reconquistar este espaço de meditação interior, de tranquilidade, para podermos avaliar o que é realmente importante para nossas vidas.

Para aprofundar essa meditação sobre o resgate da inocência, vale a pena ler  A INOCÊNCIA FUNDAMENTAL, do Dr. Austro Queiroz.

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Preciso aprender a perder o medo de só ser

Gilberto Gil é um de nossos maiores mestres, não só na área musical, mas sobretudo humana.

Gosto de ouvir e meditar sobre suas canções há muitos anos.

E achei muito interessante quando um grande amigo meu me apresentou esta música do Gil: Preciso Aprender a Só Ser.

Esta canção é uma resposta a um samba-canção que afirma o contrário: Eu Preciso Aprender a Ser Só.

E o Gil diz, que precisamos deixar nosso coração reagir e dizer esta frase profunda e filosófica: Eu preciso aprender a só ser, que é, na realidade, a única coisa que importa.

Incluo aqui um vídeo com a canção do Gil e a letra abaixo:



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Preciso aprender a só ser
Gilberto Gil

Sabe, gente
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer

Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder

Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
É só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer

E quando escutar um samba-canção
Assim como
Eu Preciso Aprender a Ser Só
Reagir
E ouvir
O coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser"

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Boa meditação,

Gentil

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O medo da origem é o mal

A música Monólogo ao pé do ouvido, de Chico Science & Nação Zumbi, do disco Da Lama ao Caos, contém um verso muito interessante: o medo dá origem ao mal.

E ele está absolutamente correto, pois é pelo medo que se pratica o mal. Isto é, quando se sente medo, pois o medo é uma reação a um ataque, ou uma reação àquilo que interpretamos como ataque.

Como podemos bem imaginar, uma pessoa que está em paz não está com medo, e uma pessoa assim não vai reagir a qualquer ato com um ataque, mesmo que esteja sendo atacada. Como diz o ditado, se um não quer, dois não brigam.

Quanto ao verso citado, ao ouvirmos a música, ele soa nitidamente como o título deste artigo: o medo da origem é o mal, que também faz sentido, pois só nos rebelamos contra o universo, contra o cosmos, contra Deus, por nos sentirmos abandonados por e separados Dele, e assim ficamos com medo Dele, achando que nossos sofrimentos são causados por Deus.

É claro que cada um vai interpretar isso conforme suas próprias crenças, e conforme o que concebe o que é “deus” para si, mas no fundo, toda a raiva é contra o Criador, seja ele que nome tenha em cada religião.

E ao nos rebelarmos e nos sentirmos abandonados pelo Criador, ficamos com medo de nossa própria origem Nele.

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Para uma meditação mais aprofundada sobre este tema, recomendo a leitura do livro A CRIANÇA INTERIOR: MUDANÇA DE OITAVA NA SINFONIA CÓSMICA DO VAZIO.

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Ouçamos então a música de Chico Science & Nação Zumbi: Monólogo ao pé do ouvido:

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Modernizar o passado
É uma evolução musical
Cadê as notas que estavam aqui?
Não preciso delas
Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos

O medo dá origem ao mal
O homem coletivo sente a necessidade de lutar
O orgulho, a arrogância, a glória
Enche a imaginação de domínio

São demônios os que destroem o poder bravio da humanidade
Viva Zapata, viva Sandino, viva Zumbi, Antônio Conselheiro
E todos os panteras Negras
Lampião, sua imagem e semelhança
Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia

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Por que temos medo de amar?

Uma vez, estava num programa de rádio, respondendo perguntas sobre o relacionamento humano, quando, por telefone, um rapaz me questionou por que temos medo de amar.

Não lembro o que respondi. Porém, minha resposta não deve ter sido muito satisfatória, visto que conhecia quase nada desses caminhos em mim, naqueles tempos idos. E fiquei devendo essa resposta ao ouvinte e a mim mesma.

Por isso a vontade de escrever sobre o tema. Por isso a vontade de compartilhar essas  reflexões.

O que conhecemos mesmo desse sentimento tão cantado em verso e prosa pelos poetas e por nós, pobres mortais? Todos arriscamos falar dele, tentando entendê-lo, compreendê-lo. Muitas vezes com a banalização de uma afirmação recorrente, “Eu te amo!”

Mas, de que amor mesmo estamos falando? Sabemos o que é o amor? Ou será que chamamos de amor o que não é mesmo amor?

Há dois mil anos atrás, recebemos uma lição de um homem considerado o Anjo do Amor.

Jesus Cristo é o nome dele.

Ele nos deu um testemunho de amor incondicional. Em troca lhe agredimos. Blasfemamos. Tudo porque tivemos medo do amor. Em momento algum ele deixou de nos amar. Ainda pediu ao Pai que perdoasse a nossa ignorância. Nada nos pediu, só nos deu. Se doou de corpo e alma, inteiramente, literalmente.

Lembro da canção religiosa “prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão”.

Muito tempo se passou desde lá. E nós, já aprendemos a lição?

Os fatos nos mostram que não. Não aprendemos. Tantas guerras, tantos sofrimentos e dores, só refletem fora o desamor que vivemos dentro.

Ainda amamos sob condições, fazendo exigências, idealizando o próximo. E se ele não cabe na nossa forma, julgamos que não é merecedor do nosso amor.

Cazuza cantou uma canção que dizia assim: “para quem não sabe amar e fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos”. Sábio Cazuza, já entendia que idealização não é expressão de amor. É fuga do amor.

É medo do amor.

Por não  nos sentirmos merecedores dele. Por ainda nos culparmos de não termos recebido o amor maior.

Há um pensamento em nós, que acredita que será assim para sempre, que não podemos mudar. Mas é um sistema de crenças e se ele já não nos serve mais, podemos criar outro sim. Só depende de nós. De um esforço próprio.

Creio que os primeiros passos dessa lição começam  na aceitação dos limites que nós mesmos nos impusemos. Aceitá-los é poder expandi-los.

Após toda essa reflexão, já posso responder ao ouvinte da rádio e a mim mesma, que o medo de amar, é o medo de Ser livre, de Ser grande. Nos acostumamos com nossa pequenez. Nos conformamos com o nosso desamor.

Nelson Mandela escreveu que nós não temos medo da nossa escuridão, nós temos medo mesmo é da nossa luz. É ela que nos assusta. Pois com ela nos tornamos poderosos e não sabemos lidar com esse poder, que não é o da terra.

Percamos então o medo de se ver no medo de amar!

Já podemos sonhar com o amor incondicional, o de verdade.

Esse já é um sonho meu!

Iramaia

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ADÃO E EVA E O PECADO ORIGINAL

-Perdendo o medo de se ver no isolamento-

Lá pelos idos da década de sessenta, investida da minha natural curiosidade infantil e já nos meus questionamentos da condição humana, creio até que precocemente, perguntei à minha professorinha de terceira série primária o que significava  o pecado original. Lembro que, muito constrangida, ela me olhou desconfiada e respondeu que quando eu crescesse eu obteria a resposta que queria.

Anos se passaram. Na adolescência, pensei que aquele constrangimento da minha professorinha se devia a ela estar se referindo as questões do sexo, que tanto nos envergonhava e que ainda hoje nos envergonha, pela repressão que sofremos e nos impomos até os dias de hoje.

Muitos mais anos se passaram e a partir de ensinamentos preciosos recebidos, comecei a compreender que o mito de Adão e Eva e sua queda ou o Pecado Original que eles nos legavam, se referia na verdade à condição alienante em que nascemos. Referia-se ao esquecimento ou estado de ignorância como chegamos aqui na terra. Com uma percepção de isolamento, de separação em relação ao Todo. Entendo que esse é o nosso primeiro pecado. Esse é o Pecado Original.

A explicação sobre o mito da expulsão do paraíso: “ganharás o pão com o suor do teu rosto”, compreendo como sendo a metáfora da perda do conhecimento da origem. Pois, encarnamos e nos tornamos seres que nos esquecemos da nossa ligação com o Princípio Criador. Sentimo-nos separados, por não lembrarmos que não nos criamos e sim fomos criados e por isso mesmo fazemos parte de um Todo Cósmico.

Tenho compreendido que para ganharmos o paraíso de volta, precisamos perder o medo de nos reconhecermos no arquétipo da separação. Precisamos perder o medo de nos reconhecermos ego, condição óbvia que nos impulsiona ao egoísmo, ao isolamento. Mas ao mesmo tempo, condição também que nos permitiu e nos permite, vivermos nossas experiências únicas. São as nossas travessias próprias, com nossos erros e acertos que nos farão reencontrar o paraíso perdido, que está dentro de nós mesmos. Nesse reencontro poderemos usufruir a paz tão sonhada (para maior entendimento desse tema, recomendo a leitura e a prática da meditação Ton Glen, postada no blog do Dr. Austro Queiroz).

Passado tantos anos daquela pergunta sem resposta, aquela criança que já se sentia culpada, em pecado, hoje, adulta, inicia os primeiros passos de uma lição onde já pode entender que o Pecado Original é se pensar estar perdido da origem. Essa criança que cresceu começa a compreender que deixamos de pecar quando aceitamos a condição humana com a qual chegamos aqui na terra. Que somente aceitando que foi necessário passar por essa ilusão, vivendo sem medo as experiências egóicas, poderemos conhecer a verdade.

Verdade essa, que nós, ainda perdidos de nós mesmos, precisamos urgentemente encarnar, acessando uma consciência que, em momento algum, estivemos ou estaremos sozinhos ou isolados.

Basta levantarmos os olhos para o céu, as estrelas sempre estiveram e estarão lá, mesmo que a gente não as veja.

Iramaia

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A ALQUIMIA DO PECADO

O Erro como Mestre do Acerto.

Ou, perdendo o medo de assumir os próprios erros.

Desde que nos entendemos por gente que nos julgamos pecadores. As culturas e as religiões há séculos reforçam esse rótulo, retro-alimentando nosso auto julgamento.

Mas, o que significa mesmo pecar? Cometer erros? Magoar a nós mesmos? Magoar os que amamos? Por que temos tanto medo de nos vermos cometendo esses pecados? Por que negamos peremptoriamente que erramos? E por que nos condenamos (e ao outro), antes mesmos de sabermos quais foram as  motivações ou caminhos que nos levaram ao erro?

Muitas perguntas povoam nossas cabeças sobre esse tema do erro ou pecado, tão presente em nossas vidas e ao mesmo tempo tão negado por todos.

É importante lembrar que a maioria de nós esquece que pecar, cometer erros, é uma condição inexoravelmente humana. O que nos faz entender a partir de uma lógica bem simples, que não aceitamos essa condição tão natural da  nossa existência.

Somos humanos, aprendizes, imperfeitos. Mas queríamos ser Deuses. Queríamos ser  perfeitos.

Não aceitamos nossos erros, nossos  auto-enganos.

Não aceitamos a nós mesmos. Não aceitamos nossa existência.

E se negar existir é o nosso maior pecado.

Investidos de nossa humanidade, possuímos uma mente dual. Tudo é dialético, conseqüentemente tudo será percebido numa condição de relatividade.

“Ser ou não ser, eis a questão”, já nos trazia para a reflexão sobre a dualidade humana, o poeta e dramaturgo inglês, Shakespeare. Cada evento ou fato conterá em si, seu contrário. Porém, de qualquer lado que se olhe, o evento sempre será ele mesmo, demonstrando sua unicidade. Ele mudará apenas de aspecto, dependendo da mente que o observa. A partir do ângulo que se olhe, algo poderá ser positivo ou negativo.

Partindo da compreensão colocada acima, podemos perceber que um pecado ou um erro também contém uma dualidade, podendo ser visto como algo negativo ou positivo, dependendo da relatividade do nosso olhar sobre ele.

Se  não aceitamos o erro e o julgamos como algo ruim, sem nos responsabilizarmos, para assim viabilizarmos uma retificação, ele passará a ser recorrente, atuando de forma negativa, nos aprisionando em padrões obsoletos e nos causando estagnação, em prejuízo ao movimento natural da vida.

Se, no entanto, o erro ou pecado, for visto à luz da consciência, for aceito como condição intrínseca à existência, se for recebido como um aprendizado, uma oportunidade de mudança de rota que nos levará a uma evolução pessoal, ele passará a ser assimilado como algo bom, positivo. E assim será alquimizado, transformado, e ganhará  status de virtude.

Nossa condição dialética humana, sempre nos colocará frente a opções na vida. Descartes  com sua máxima: “Penso, logo existo”, já nos informava sobre nossa dúvidas e contradições, nossa condição de escolhas. Exercer um olhar positivo ou negativo sobre algo ou alguém será sempre uma escolha pessoal a ser feita. E isso não é diferente para os erros ou  pecados cometidos.

Estar vivo é arriscar escolher, sem temer o erro, sem temer a imperfeição. Devemos lembrar sempre que somos aprendizes da vida e  toda experiência deverá nos servir de lição para nos responsabilizarmos por nossas escolhas no percorrer do caminho.

Sendo assim, não esqueceremos que o erro é o mestre do acerto. E somente esse mestre nos conduzirá ao caminho da perfeição.

Iramaia.

sábado, 10 de outubro de 2009

Vencendo o medo de falar em público

Caros leitores,

trago hoje duas dicas para vencer o medo de falar em público.

A primeira é praticar a RESORI, ou Respiração Original, do Dr. Austro Queiroz, publicada em seu site, logo na página inicial. Aliás, vale a pena ler todo o material que lá está, para quem deseja conhecer outras técnicas de relaxamento, como o RC (Relaxamento Cinético), por exemplo.

A segunda dica é sobre O Livro do CHI (TOHEI, 2000, Ed. Manole), do mestre Koichi Tohei. Neste livro ele ensina uma técnica simples de meditação, basicamente fundamentada na concentração em um ponto baixo do corpo, qualquer que seja a parte do corpo que estejamos focalizando, ele sempre recomenda focalizar a parte mais baixa dela.

Um exemplo de meditação é sentar, com as pernas cruzadas, e colocar a atenção num ponto abaixo do umbigo, com o objetivo tanto de esvaziar a mente ao mesmo tempo que não utilizamos uma marca física para fazê-lo. Isso precisa de um treinamento mínimo e simples. Basta ser diário.

Depois de sentar-se confortavelmente, fixe um ponto abaixo do umbigo, e simplesmente respire, observando sem nenhuma tensão como o ar entra e sai dos pulmões. Dez a vinte minutos deste exercício diariamente são excelentes para acalmar uma mente estressada.

Outra recomendação do Mestre Tohei, para ajudar no relaxamento antes de apresentações públicas, é sacudir as mãos, ao lado do corpo, em direção ao solo, para deixar a tensão sair. Enquanto você sentir que suas mãos ainda tremem, repita o exercício, e respire com o abdomen. Inspire pelo nariz e expire pela boca. Vale a pena ler O Livro do CHI (ou KI) para obter a informação completa sobre esta técnica.