segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre o medo de amar

Amar ás vezes exige que consideremos o outro como alguém diferente de nós mesmos, com suas idiossincrasias, seus hábitos, suas visões de mundo e maneiras de sentir a realidade muitas vezes distante do que somos e sentimos. Amar é antes de mais nada compreender o outro em sua individualidade e aceitá-lo tal como é. É saber que podemos nos desiludir com a pessoa amada, é saber que podemos ver nela defeitos que antes não víamos. O medo dessa desilusão, o medo de não sermos correspondidos e aceitos exatamente como somos é o medo de amar. Quando amamos somos vulneráveis, nos abrimos por inteiro, deixamos que o outro adentre nossas emoções e sentimentos. Mas quando o medo é o que nos domina, buscamos fazer o papel de fortes, de invulneráveis, buscamos passar essa imagem de que vamos muito bem sozinhos como estamos. Na realidade, temos medo de não encontrar no outro um porto seguro. Temos medo de nos mostrar como realmente somos, temos medo da rejeição. E esse medo vem da nossa parte sombria que nós próprios não aceitamos. Porém, no momento em que aceitamos nossos defeitos, nossas falhas, nossas fraquezas, no momento em que passamos a nos amar integralmente, esse medo desaparece. Quando deixamos de nos rejeitar, e passamos a nos ver como seres divinos num processo de evolução constante, perdemos o medo da rejeição do outro. E assim, se o outro nos aceita ou não, não tem importância, porque nós próprios nos aceitamos e nos amamos como somos. Assim, antes de amar o outro, temos de amar nossa sombra, nosso lado mais imperfeito. E saber que num relacionamento, seja ele qual for, uma amizade, um relacionamento amoroso, uma parceria profissional, estaremos sempre sendo inteiros, com qualidades e defeitos, e estaremos sendo aceitos na medida em que somos capazes de aceitar a nós mesmos e por reflexo, aos outros também. Aquele que tem tolerância consigo, tem tolerância com o próximo. Amai ao próximo como a ti mesmo, já dizia Jesus Cristo.



Lívia Petry

***